
No universo da construção civil, entender e aplicar corretamente o conceito de área equivalente é fundamental para o desenvolvimento de orçamentos precisos e para a viabilidade de projetos. A área equivalente é um conceito técnico utilizado principalmente na fase inicial de planejamento e estudo de viabilidade de empreendimentos imobiliários. Neste artigo, vamos explorar o que é a área equivalente, sua importância para o orçamento e o que a norma que a regulamenta diz sobre o assunto.
O Que é a Área Equivalente?
A área equivalente é uma metodologia utilizada no cálculo de custos e na elaboração de orçamentos para projetos de construção civil. Ela serve para estimar o valor de uma obra com base em uma área-padrão, tomando por referência uma comparação entre as características do projeto em questão e um modelo de referência.
De maneira simples, a área equivalente é uma técnica que permite transformar diferentes tipologias de construções em uma unidade de medida comum. Ou seja, ela busca ajustar a área total de um projeto (com variações de layout, funcionalidades ou complexidade) para uma área que tenha um valor comparável, geralmente a partir de uma unidade padrão de cálculo. Essa abordagem permite que projetos com características distintas sejam analisados de forma uniforme, facilitando a comparação entre obras de diferentes tipos.
Exemplo prático, no caso de um projeto de um edifício, temos uma área de subsolos, outra para áreas comuns que são decoradas e equipadas como salão de festas e salão de jogos. Tratar ambas da mesma forma trará um desvio enorme para o custo, uma vez que os subsolos geralmente tem um acabamento bem básico, quase nenhuma parede, um ou nenhum banheiro, não cozinhas, forros e seu pé direito geralmente é mais baixo que o de uma área comum. Ou seja, são duas áreas “opostas” em acabamento e custo. Dessa forma poderíamos adotar um coeficiente de 0,7 para o subsolos e de 1,3 para as área comuns, considerando o pavimento tipo como a área padrão 1,0.
Importância da Área Equivalente na Fase de Estudo de Viabilidade
Na fase de estudo de viabilidade, calcular a área equivalente é um passo crucial para avaliar a viabilidade financeira e econômica de um projeto. Isso porque o cálculo correto da área equivalente influencia diretamente na estimativa de custos de construção. Ao adotar a área equivalente, os engenheiros e orçamentistas conseguem obter uma estimativa mais realista do custo total da obra, considerando variáveis como o tipo de edificação, materiais utilizados, complexidade do projeto, entre outros.
Esse conceito é essencial também para a comparação de orçamentos de projetos similares, permitindo que a análise seja feita em uma base padronizada. Com a área equivalente, é possível calcular o Custo Unitário de Construção de forma mais precisa, o que ajuda a prever o valor final de um empreendimento. Dessa forma, ela contribui para uma análise mais assertiva da viabilidade econômica do projeto, identificando os custos de forma detalhada e antecipando desafios que possam surgir durante a execução da obra.
A Norma que Regula a Área Equivalente
No Brasil, a norma que orienta a utilização da área equivalente é a NBR 12.721, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Esta norma estabelece critérios técnicos para a elaboração de orçamentos no setor de construção civil, orientando sobre os métodos de cálculo e as condições em que a área equivalente deve ser utilizada.
A NBR 12.721 especifica que a área equivalente deve ser determinada por meio de uma fórmula que leva em consideração a área bruta construída (ABC) e as áreas complementares, ajustando-as para uma unidade de comparação. A norma também aponta que o cálculo da área equivalente deve ser revisado sempre que houver variações significativas no tipo de obra, como alterações no padrão de acabamentos, complexidade da construção ou modificações no tipo de materiais a serem utilizados.
Esse levantamento é essencial para garantir que os orçamentos feitos para obras sejam consistentes e que o projeto tenha um custo final mais assertivo, facilitando o planejamento e as negociações com fornecedores e investidores. A norma busca padronizar os cálculos e proporcionar maior transparência no mercado de construção civil.
Como Calcular a Área Equivalente?
O cálculo da área equivalente envolve uma série de fatores, incluindo a área bruta da construção e o índice de ponderação de cada tipo de espaço da obra. A área equivalente é dada por uma fórmula que ajusta a área total da construção com base em variáveis específicas. A fórmula básica leva em consideração o custo das áreas comuns, como corredores e escadas, que são menos “valorizadas” em relação às áreas úteis, como os apartamentos ou salas comerciais.
Esse cálculo pode ser influenciado por diferentes características de cada projeto, como o tipo de edificação (residencial, comercial, misto), a complexidade dos acabamentos e a quantidade de áreas comuns. Esse detalhamento permite uma avaliação mais precisa do custo de construção, refletindo de forma mais realista o valor de mercado do projeto.
A Relevância para o Orçamento e Gestão de Custos
Além de sua utilidade na fase de viabilidade, a área equivalente também desempenha um papel importante na gestão de custos durante a execução do projeto. Ao utilizar a área equivalente, é possível prever com mais precisão os custos durante a obra e gerenciar de forma eficiente os recursos financeiros. Isso evita surpresas desagradáveis no final da obra e ajuda a manter o orçamento dentro do planejado.
A precificação baseada na área equivalente também é útil para profissionais que precisam negociar contratos com fornecedores e clientes, já que ela proporciona uma base justa e objetiva para o valor da obra. Para construtoras e incorporadoras, entender esse conceito e aplicá-lo corretamente é crucial para garantir a lucratividade e a competitividade no mercado.
Erros Comuns e Como Evitá-los
Um dos principais erros ao aplicar o CUB é o uso incorreto da área construída, em vez da área equivalente, o que pode distorcer significativamente o orçamento. Profissionais que não conhecem a fundo as normas, como a NBR 12.721, podem subestimar ou superestimar os custos, levando a um valor final distante da realidade. Além disso, fatores como os BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) e os itens não inclusos no CUB, como fundações e equipamentos, também devem ser levados em consideração para garantir a precisão do orçamento.
Outra prática comum e ainda melhor é a utilização de valores unitários históricos da empresa no lugar do CUB para calcular os custos de construção. Embora o CUB seja amplamente utilizado e padronize o cálculo para o setor, o uso de registros históricos confiáveis da própria empresa pode gerar estimativas de custo ainda mais precisas. Quando uma empresa possui um banco de dados sólido e bem mantido com os custos reais de obras anteriores — considerando o tipo de edificação, os materiais utilizados, a mão de obra, entre outros fatores específicos — os resultados tendem a refletir com mais fidelidade a realidade do projeto em questão.
Essa prática, ao se basear na experiência acumulada da empresa, proporciona uma vantagem significativa ao eliminar a dependência de coeficientes gerais que podem não refletir as particularidades de cada obra. Ao utilizar valores unitários históricos, a empresa pode ajustar ainda mais as estimativas, levando em conta as condições específicas do mercado local, as características do projeto, e a eficiência operacional obtida ao longo do tempo.
No entanto, é importante que esses registros históricos sejam bem gerenciados e atualizados com frequência. O uso de valores antigos ou desatualizados pode comprometer a precisão do orçamento. Além disso, para que essa abordagem seja realmente eficaz, é necessário que as condições de execução da obra atual sejam similares às dos projetos anteriores, pois mudanças nos materiais, nas condições de mercado ou até na equipe de trabalho podem impactar os custos.
Portanto, embora o CUB seja uma ferramenta útil e amplamente reconhecida para estimativas iniciais, o uso de valores unitários históricos da empresa é uma alternativa que, quando bem aplicada, pode proporcionar orçamentos mais precisos e alinhados com a realidade de cada obra.
Conclusão: A Importância do Conceito de Área Equivalente
A área equivalente é um conceito técnico essencial para o planejamento e a execução de projetos de construção civil, especialmente quando se trata de orçamentos e estudos de viabilidade. Sua importância vai além do simples cálculo de custos, pois ela influencia diretamente a precisão das estimativas de custos e a análise da viabilidade de empreendimentos. Ao seguir as orientações da NBR 12.721, os profissionais da área conseguem garantir que os cálculos sejam feitos de forma correta e transparente, contribuindo para o sucesso e a sustentabilidade financeira do projeto.
Entender como calcular a área equivalente e sua aplicação no orçamento é uma habilidade crucial para engenheiros e orçamentistas, que devem ser capazes de aplicar esse conceito em uma ampla gama de projetos, desde construções residenciais unifamiliares até empreendimentos verticais de grande porte.